A história da nova série da HBO, The Newsroom é simples, mas sua produção e recepção não são nada disso. Criada pelo auteur Aaron Sorkin (criador da clássica The West Wing, a precocemente cancelada Studio 60 on the Sunset Strip, e roteirista do A Rede Social), a história que contará com 10 episódios nos apresenta Will (Jeff Daniels), ancora de um noticiario noturno que, após fornecer uma resposta inflamada e desesperadora à pergunta (“o que faz dos Estados Unidos o melhor país para se viver?”) de uma estudante durante uma palestra universitária, volta de umas férias forçadas para descobrir que sua equipe o abandonou devido à repercussão do ocorrido. Sua nova e idealista produtora, que também é sua ex-namorada, o convence a fazer um jornalismo livre das “fofocas, picuinhas corporativas e barganhas publicitárias”; característica que reflete na contrução da série, que possui as maiores e mais sagazes linhas de diálogo exibidas hoje na TV americana, fortemente apoiada por ótimos atores como o Dev Patel, Emily Mortimer, e Alisson Pill.
O show exibe os jornalistas como deuses oniscientes da informação e sabedoria, o que muitos críticos tem apontado como o maior defeito da série: por mostrar o profissional perfeito da instituição jornalística que, devido a profusão da internet durante os anos, tem hoje levantado questoes mais existenciais do que morais sobre a profissão. Ele traz a tona questões sobre o papel das noticias no cotidiano do cidadão comum, que hoje não sabe a diferença entre “muito informado” e “bem informado”, devido à dinamica que a internet traz para nosso modo de ler e absorver informações, sendo ela uma maquina feita com o propósito de “distrair para conquistar”. “As pessoas escolhem os fatos que elas querem conhecer agora. Você se recusa a viver na realidade” diz o cético e esgotado âncora, enquanto sua produtora rebate “é hora de Dom Quixote, de falar a verdade para os estúpidos. Só se pode fazer boa informação se o público é bem informado, o debate tem que ser iniciado”.